terça-feira, 28 de setembro de 2010

Admirável solidão




Eu a vejo de segunda a sexta, todo final de aula, ela segue o meu trajeto, dobra três quadras antes da minha casa, a alguns metros atrás a acompanho todo dia, passos rápidos, silenciosos, meus fones de ouvido, minha camisa xadrez, seus cabelos lisos, a noite, imaginando me apresento quando me dou conta a perco de vista mais uma vez.
Já me peguei em coragem de meus passos acelerar, algum assunto com ela começar... recuo mesmo antes de meu rosto levantar; tenho esse costume, minimizar minha aparência, cabeça baixa, me permite andar sem de mim ninguém caçoar, já me basta no meu emprego grosseiramente lembrar... fui já elogiado pela educação, esqueci de comentar que ali sou profissional e não um espelho que pede opinião.
Meu consciente diz: vá em frente, meu subconsciente mostra minha imagem em minha frente, onde eu lembro da ausência de beleza então; argumentos em excesso, postura de requinte, um garoto de 17 anos que tem controle de toda e qualquer emoção, mas, se rende pela solidão que acompanha com o olhar.
No corredor com ela as vezes eu tenho de cruzar, sempre a me desviar como se procura-se alguma moeda no chão; Numa rotina eu sigo, em amizade de solidão, sinto falta apenas de soltar palavras acumuladas, talvez dar algumas risadas, mas, não encontro ninguém com assunto que se expanda alem de balada, futebol, carro ou “cervejão”. Onde riem de pessoas menos bonitas não se encontra vocabulário, em muitas ocasiões nem mesmo educação. Pra aparência a mente sede nota 10 quando mente.
Eu a vejo de segunda a sexta, todo final de aula, tenho conteúdo, mas esqueci de acrescentar a minha bagagem, coragem ou minha própria valorização.