quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Olho num futuro




O que a professora e os alunos interpretaram como mau humor não era senão a firmeza de espírito que só existe naqueles que antes tarde do que nunca, encontraram um objetivo para suas vidas e o perseguem com a ferocidade causada pelo tempo desperdiçado em vão.
O que possibilitou a certeza marcada pela convicção, imune de qualquer ação de intervenção, foi a desilusão causada pelo tempo de convívio; quanto mais os homens pensam, menos eles falam, sua ultima conclusão antes de expressar opinião, que um publico armado naturalmente com sete pedras na mão, assacinou em suas palavras o companherismo ou a justiça, mas o deixou permanecer na companhia da solidão. “Um copo profundo, pouca água; varias taças, transbordando, rasas.”
Mantinha planos em disputa de um auto-controle matemático, mas em reações aceleradas de química, onde explodiam idéias mapeadas de um futuro que permitia o sentimento realizador a ele só por criatividade imaginária, ou previsão, pois ali não traçava apenas objetivos, latente emoção; O difícil não é simplesmente ganhar dinheiro, difícil é ganha-lo fazendo algo que realmente vale a pena. Uma ambição silenciosa que os bobos não vêem, mas que consome por dentro e “cala” os sábios.
Ele tinha planos pra compartilhar, experiência a avaliar, só se sentia em condições de falar com naturalidade quando abordava que o ano estava prestes a acabar, fechava suas palavras num calabouço durante semanas que se transformavam em bimestres, até elas se envenenarem em solução possível.
O que interpretaram como mau humor não era senão a firmeza de espírito que só existe naqueles que encontraram um objetivo para suas vidas, que o perseguem com a ferocidade causada pelo tempo desperdiçado em vão.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Uma dose de conteúdo porfavor




Minha individualidade permite selecionar minhas companhias, idas e vindas, amizades... permite deixar tocar a musica que me vem ao gosto momentâneo disparado, acelerado ou calmo dependendo do meu breve riso que só aumenta alguns centímetros o canto de minha boca sem mostrar os dentes ou a sobrancelha que repousa mais próxima de meus olhos quando demonstram interesse.
O que menos me preocupa é o que outras pessoas estão achando da minha falta de interesse que encontra os olhos de quem se incomoda com o fato de quem recebe mais atenção em silencio. Numa noite passada por um impulso imaginário o que menos me preocupa, preocupou; quando diante dela eu fiquei, perdendo palavras que um grande vocabulário e guardei cometendo desuso de assuntos vastos, em troca de desconcentração recebi o claro ruivo de cabelos que tocavam meus olhos escuros castanhos envermelhecendo-os.
O beijo que nela eu dei minimizou-se quando na sinceridade eu percebi a diferença que havia nela somente no modo que ela insistia em me tratar sem mudar nenhum ponto ou virgula da pessoa que entes eu passava só a admirar e hoje me perdia em sua boca, mas, não só no beijar, sim em quando assunto nós tínhamos a tratar, “conteúdo” literalmente explicito e dessa vez não mais somente olhar ou cantar, oferecer um drink ou a sua roupa elogiar, era o interesse presente, onde eu já imaginava no outro dia poder ligar.
Se ambas as notas de uma melodia fossem iguais nem grassa haveria, a sintonia de cada nota que se diferencia uma da outra é que apresenta a armonia. Cansar de ouvir muitas gurias quando se procura companhia é mais que normal, o físico limitou o conhecimento, ultimamente o que vejo é que se pararem de beijar o silencio toma conta e é o único que flui no ar, elas que eu passava a admirar se calam por não ter o que falar.
Talvez os meus motivos eu nem precise explicar, o porque do lado dela eu quero ficar, o que eu procurava diante da escacez deixava de brilhar, mas, eu fui ao seu encontro, de quebra alem de tudo, conteúdo, beijo, abraço, carinho, atenção...ainda no dia seguinte o que ela causou na minha mente podia ser visto no vermelho do meu olhar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Admirável solidão




Eu a vejo de segunda a sexta, todo final de aula, ela segue o meu trajeto, dobra três quadras antes da minha casa, a alguns metros atrás a acompanho todo dia, passos rápidos, silenciosos, meus fones de ouvido, minha camisa xadrez, seus cabelos lisos, a noite, imaginando me apresento quando me dou conta a perco de vista mais uma vez.
Já me peguei em coragem de meus passos acelerar, algum assunto com ela começar... recuo mesmo antes de meu rosto levantar; tenho esse costume, minimizar minha aparência, cabeça baixa, me permite andar sem de mim ninguém caçoar, já me basta no meu emprego grosseiramente lembrar... fui já elogiado pela educação, esqueci de comentar que ali sou profissional e não um espelho que pede opinião.
Meu consciente diz: vá em frente, meu subconsciente mostra minha imagem em minha frente, onde eu lembro da ausência de beleza então; argumentos em excesso, postura de requinte, um garoto de 17 anos que tem controle de toda e qualquer emoção, mas, se rende pela solidão que acompanha com o olhar.
No corredor com ela as vezes eu tenho de cruzar, sempre a me desviar como se procura-se alguma moeda no chão; Numa rotina eu sigo, em amizade de solidão, sinto falta apenas de soltar palavras acumuladas, talvez dar algumas risadas, mas, não encontro ninguém com assunto que se expanda alem de balada, futebol, carro ou “cervejão”. Onde riem de pessoas menos bonitas não se encontra vocabulário, em muitas ocasiões nem mesmo educação. Pra aparência a mente sede nota 10 quando mente.
Eu a vejo de segunda a sexta, todo final de aula, tenho conteúdo, mas esqueci de acrescentar a minha bagagem, coragem ou minha própria valorização.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não era mais uma ausencia




E mais uma vez sentiace a falta daquele suspiro de quem pensa quando age, aquele olhar de quem examina antes de dar opinião, daquele toque com ausencia de calor, do silencio que cala até o professor. Normalmente pareciam ser vagas passagens, lapsos de lembranças, ou até, reconhecimento do presente, ou apenas simples desvios de olhar de quem não queria dar explicação.
Desta vez, o vento alem de gelado humideceu, o dia ficou escuro, o fim da tarde trocado pelo amanhecer, os cabelos loiros pelos castanhos, os olhos verdes pelos marrons, frases verdadeiras por jemidos dentre corpos a noite inteira. Enquanto o filme rodava, ele ainda relembrava o roteiro da cena anterior. Talvez se os permiticem solidão, a ultima pessa de roupa cairia ao chão. Um aperto no peito que se enrolava com a lingua em cada beijo. Uma noite esquecida, fora daquele portão deixou quem ele dizia ser sua vida. Só com o primeiro galo a cantar recoonheceu ser traição, mas, de nada se arrependeu e ainda sentia a pele dela em sua mão.
Ela sentiu sua falta. No trabalho enquanto a equipe introduzia um debate, ele fazia sua parte, multiplicando seu tempo que na hora exata o pedido foi entregue, o cliente foi conquistado e o ologiu foi dado. Apesar de mil motivos que o levavam a distração, não deixava de lado sua ambição que hoje se transformava em um escudo que tinha um segredo a guardar.
Quem não compreende um olhar tão pouco compreendera uma longa explicação, não era de cansaço que ele permaneciaos fechados então.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Vide Bula




Repeti no mínimo cinco vezes em cada aula de como não desejar que as coisas sejam como eu quero que sejam, sempre tirando conclusões precipitadas, na introdução já imaginando um final, seja ele feliz ou não. Na verdade acho que nunca estamos preparados pra o que esperamos que aconteça. Despreparados pra um possível “pra sempre” inseguros de nossa capacidade.
É essa a segurança que elas precisam, que se vire as costas hoje não acreditando que amanha vai estar tudo bem, mas, que depois e depois e depois de amanha vai estar tudo bem. Que você ligue na mesma noite pra combinar o que vão fazer no dia seguinte, ou no próximo encontro e não na semana que vem pra dizer que esta com saudades só quando ela realmente aperta sua carência. Eu não tento desvendar as necessidades ou desejos das mulheres, mas sim, porque os guris vão contra as deles.
Suas atitudes lhe darão pistas suficientes pra desvendar os próximos encontros, os próximos beijos, abraços, quartos; Na verdade acho que não estamos preparados pra o que esperamos que aconteça. Daqui não me sai mais nada hoje, relembro a cada minuto a receita que me deram, se o amor é contagioso, estão todos vacinados.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Hora pra amanhecer




Atrasado, na corrida contra o tempo em passos largos e rápidos sair, em casa despedir, no ônibus subir, respirar com falta de ar, a gripe relata numa desculpa esfarrapada, mãos geladas, comprar a passagem só de ida, não tinha hora pra voltar, o motorista da a partida, a paisagem admirar, em algumas horas cansar de o relógio espiar.
No fim da tarde, o celular tocar, vem me buscar, te esperar; sentado num banco de uma praça tentado se situar, pra que lado olhar, a surpresa que vinha buscar.
Atravessar a rua, encontra, abraça, toca, aperta, da a mão, sorriso, abraça de novo, foi pra casa então; se apresenta, escuta piada, com um riso preparado a recebe, pois, já o haviam avisado; ainda rindo do comentário, já com o lugar familiarizado, com a licença se acomodar. As horas em segundos com o café passar, acompanhado agora com ela sair, despedir, com prazer por conhecer o que já ouvia os melhores elogios. Já sentia falta quando na rua o vento deu seus primeiros assobios; por tardes, dias, meses, se esperava aquela oportunidade com ansiedade, sem piedade roubaram a felicidade, usaram somente para si até amanha seguinte pensar em devolver, na noite em claro passar juntos, dormir só ao amanhecer, se adiantavam no ônibus em pensamento como seria cada momento.
O vidro embaça, desenhos se formam, letras num conjunto da brisa num par, mãos no ar, que aproveitam o momento a se juntar, de congeladas começaram a soar, as luzes se apagam, em sua ausência, a lua perdia seu brilho com aquele olhar.
Um show os esperava, depois das apresentações em suas casas e o vento, o único que os acompanhava, soprava forte, no toque da moto no acelerador.
A fila por uma quadra se estendeu, propositalmente o frio aumentava pra que as mãos na substituição do cansaço estavam a envolver, mas um segredo não podia esconder, mesmo antes de tudo começar, a banda se apresentar, logo ia amanhecer.
Naquele ambiente, se encontrava inerente, no meio de tanta gente. As vezes dentre os braços, com um encaixe em seu pescoço a musica silenciava, a perna intacta embalava, solicitava seu olhar, seus lábios naquela noite ele imaginou pela primeira vez tocar, multipliquei infinitas vezes a calcular.
Até os primeiros raios de sol o céu tocar, não havia hora pra voltar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Passatempo





Eu concerto instrumentos, velhos, usados, lixo, abandonados. Grande vibração seria como gratidão, exibem seu ritmo com a sintonia em meus dedos, minhas mãos;
Riscos delimitam aparência, perdendo o brilho ao tempo, desbotar, quebrar, rachaduras, detalhes a arranhar... Imortais, descontrolados, melodramáticos, complexidade eu relato, simples fato;
Não vejo meu dia passar, o café esfriar, tentando acompanhar o embalo num novo violão, reconstruído, ainda sensível pelas reformas, com ressonância tremer até com o som do piscar de olhos, sem recorrer as notas, reconhecer em admiração, eu tenho habilidade nas mãos.
Eu concerto instrumentos, detalhes não vão para o texto, permaneça talvez na curiosidade, poder me acompanhar, juntos executar mais uma nova canção, num velho violão.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma nota a cima




Ele tocava num ritmo calmo, numa melodia vagarosamente detalhada por acordes de um violão velho e uma gaita enferrujada, depois daquele fim de semana, que ainda no corpo há lama, daquela tarde dedilhando no computador, do barulho do ônibus ainda esquentando o motor, do horizonte, vales e montes, do bom dia pela manhã, daquela lanchonete, dividir o chiclete, do café; o ritmo acelerou, a melodia se caracterizou num balanço agitado suave que entrava em tom perfeito ao blues dos sopros em notas pela boca.
Não mais se ouvia cantar uma musica, ouvíamos se apresentar em melodia, que deixava dedicação a ela, o que aguçava ouvidos dos mais surdos que fossem, mais limitados ou enjoados, paravam para ouvi-lo no violão confessar o que o fazia sorrir aumentando os tons com brilho no olhar, podia ver a grama verde ainda das trilhas com ela a acompanhar.
Sem precisar prometer que do lado dela ele ia ficar, mesmo que fosse só a lembrar, era pra ela, aquelas melodias somente ele sabia tocar, um violeiro não pode parar, por ela nas musicas ele sempre estava a cantar, mesmo com a distancia os separar.
Com frases pelo monitor, com olhares distantes pelo corredor, o celular, a lembrança do toque de sua mão, as fotos salvar, na lembrança deixar, surgir novas canções; o que fazia o ritmo vagarosamente desacelerar, apesar de calmo voltar a ficar, não era mais o mesmo, pois a partir daí então, era somente pra ela que o velho violeiro permanecia insistentemente a cantar, na melodia suave tocar.
Na calma, ele guardava sentimentos que nem em mil telas de monitor se poderia mostrar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Me acompanha




Pelos corredores ela andava, seus passos eu apenas escutava, na porta da sala na chamada meu nome citava, sempre discretamente me presenciava em silencio. Sem nunca possuir oportunidades nem pra comprimenta-la, num fim de semana me vi capaz de montar um filme onde em personagens só haviam eu e ela.
Entrei naquele ônibus deixando toda e qualquer lembrança da minha rotina pra trás, em dias de inverno, criei então um universo onde tudo era perfeito, feito pra nós dois, depois da solitária companhia que fizemos naquela parada da lanchonete, num cenário da neblina que nós observávamos sem a menor pretensão de acontecer um só pensamento, enquanto eu já me perdia naquele olhar, que em minutos me fez pensar a se envergonhar por estar diante de uma Mulher que diminuía e escondia minha cafonice e velhice de uma postura, me deixando igualar, por tanto que eu encontrei em comum naquelas palavras que no inicio tratavam apenas em estudar, pois, somente esse assunto podíamos falar porque nunca respiramos nem mesmo o próprio ar, por tão longe ficar, e hoje eu só pensava em agüentar aquele frio pra permanecer ali a escutar aquela garota que a partir dali passei a admirar.
Por conta do acompanhar de tantas pessoas com nós a viajar, viemos a se encontrar novamente na mesma poltrona quando próximos do destino estávamos, deixei de lado uma paisagem que pouco vi a deslumbrar para o meu lado direito sua companhia me aproveitar a cada segundo, pra na memória cada gesto eu guardar, os raios de sol nascente se limitavam a aparecer pra não interromper um sorriso que valia mais de 1000 palavras, deixando, esquecendo, o futuro fica pra depois, até o nascer do sol que ia aparecer no amanhecer do domingo que eu já sabia me separar dela, sem mesmo começar a minha companhia que durante dois dias e noites eu viria a compartilhar com ela.
Dentro de uma paisagem interminável nos estabelecemos, numa corrida todos se posicionavam pra tantas atividades do dia realizar e eu a me preocupar pra no lado dela ficar sem nem imaginar em ganhar a disputa e nem mesmo chegar ao final. Nos destacamos no meio de tanto barulho, pois, usávamos apenas o sorriso e o olhar, muitas vezes me distaciei daquele cenário pra insistir a ela observar. O meu nome ela chamava pedindo pra eu a esperar ou se apresar, com meu jeito silencioso eu me insistia a distanciar do grupo pra junto dela ficar. Alguns momentos brinquei como uma criança que eu não via a anos, outros como um fotografo profissional, um musico com uma nova letra em mente, ou ainda um escritor que apreciava o momento pra depois no papel tudo detalhadamente e enjoadamente relatar, esperando que ela sinta mais quando sua falta em algum momento sentir a lembrar.
As vezes ela me procurava e quando me achava reclamava por eu não a acompanhar, mas a verdade é que eu ficava a somente alguns passos atrás, em nenhum momento fui tão longe, estive sempre a sua vista, nas trilhas, nas fotos, no almoço, no jantar, na lama, na dissecação, no shopping, na fogueira...no nascer do sol do próximo dia que aumentava a velocidade da ampulheta que virou em contagem regressiva naquela primeira palavra que trocamos naquela lanchonete depois do café da beira da estrada, eu carregava no peito.
Posso dizer que apesar de ter sido uma viajem de estudos, aprendizagem em torno de diversão, foi nas palavras dela que eu aprendi muito mais. Mostrei pra ela um pouco de mim, o que ninguém via, digo um pouco porque me limitei muito, queria toda a minha atenção voltada a ela, sei que todos os elogios que recebi e tentei insistir em devolve-los saíram de trás dos olhos, bastava senti-los.
Quando disse diante dela que foi muito pouco tempo, quis dizer que queria que tudo aquilo fosse pra sempre, eterno, talvez ela tenha entendido, mas, principalmente queria ter me desculpado, pois, me limitei a “dançar” no ritmo de varias musicas ao seu lado, que ela apesar do reave metal insistia mesmo depois dos 30 acompanhar, e eu nos 20 e poucos cruzava meus braços, mas me alegrava de qualquer forma, afinal de contas eu estava ao seu lado.
Chega desses detalhes extremamente importantes; estávamos indo de volta pra casa, se a vida é realmente feita de momentos felizes, o meu momento eu sabia que logo ficaria pra trás quando eu larga-se suas mãos, que eu evitava em separar mesmo com o braço todo naquela posição “informigar”, ao som de Angel's Wings – Social Distortion no ar a escutar uma tradução que dizia voltarmos a nos encontrar. Eu a escutei por muito tempo e ria junto de felicidade porque eu esperava aquele sorriso depois de cada conversa de todo tipo de assunto, assunto que nos mostravam tanto em comum, tanto em comum. Dois dias se tornaram curtos em segundos quando no seu rosto eu pude um beijo deixar e um abraço fazer a estrada sublinhar um clarão no meio da escuridão que pra casa antes de todo mundo ela ia se retirar, que iria a iluminar até na porta de sua casa com segurança ela entrar, extremante emocional de sorvete na calçada do verão, apertei os punhos e os passos que apressadamente entraram de volta pra minha poltrona ficar e ela não mais na minha direção a encontrar. Conservei sentimentos no calabouço de minha alma e eles se envenenaram em solução possível.
Me perguntaram como eu sabia que a ia encontrar de novo, silenciei relembrando que a havia visto em sonhos. Vi então através de seus olhos; apenas um rapaz transparente, que pensava ter ganhado o mundo em uma hora, e ainda não sabia que podia perde-lo em um minuto.
Não quero esquecer as noites viradas falando sobre tudo até a madrugada, nos seus olhos eu vejo a verdade, faça o que você fizer, diga o que você quiser.
Depois da meia noite nós acendemos as luzes da cidade naquele banco dividindo o cobertor, por quanto tempo só nos dois... até o nascer do sol.
E essa vontade de telefonar, talvez até te encontrar.
Ela ainda estava ali, a me acompanhar.

(resumido)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Fotos




Agora que o sono foi perdido antes mesmo de se deitar, ele senta pra escrever, hoje não tem café, a noite vai ser de luzes acesas.
Fecham os olhos, respira fundo, o quarto bagunçado, como se estivesse algo a procurar que já estava em seu disco rígido, fotos... fotos antigas, lembranças de momentos passados que hoje saem do pensamento, além do imaginário e se rebelam contra os olhos, brilhantes lacrimejados de felicidade, pois, não há o que lamentar, como no dia em que se despediram, sentindo ele pela primeira vez uma gota de seus olhos escorregar com alguém a vigiar.
Ele lembra cada detalhe, nublado, pintado, musical, vestiário, climático, gestual, verbal, facial... Seu relato tão detalhado desenvolve um filme diante de meus olhos, vi a história que ele sendo o personagem principal já de inicio sabia seu final, breve;talvez por isso a obceção nos olhos, pra guardar cada detalhes, cada sorriso, cada folha seca levada pelo vento na calçada, calçadas da rua que hoje ele evita a se aproximar, a olhar, pois sempre ele luta a relembrar.
Em seus braços ele a tinha, mas se vangloriava a conquistá-la todo dia, como se fosse sempre a primeira vez.
Havia muito dela ainda nele, permanente, latente. O sorriso sincero no fundo do peito que hoje não se vê em lugar nenhum, a esperar.
Um descontrole sutil toma conta quando recorda dos textos que ela escreveu a divulgar, ele leu, sentindo novamente a ligação que dentre os dois ainda insistia em aproximar, pra ela faltava algo, que discretamente o fez perceber com algumas frases o relato de sua história passada convivida lado a lado agora vindo a tona. Ele resume tudo, ela sente falta, falta daqueles dias nublados com quem passar, falta de quem a olhava com sinceridade, admiração, que não se envergonhava em abraçar mesmo diante do publico a presenciar beijos que não se limitavam e estendiam cores nas roupas pretas e brancas que os dois a usar brincavam a combinar, sente falta dos elogios, da surpresa antes mesmo de se levantar, de quem insistia a acompanhar mesmo nas compras que viriam a demorar, alguém pras cobertas compartilhar, com as rosas em mãos esquecia até de os dentes escovar, da louça lavada ajudando, trocando em laços suas mãos, de sempre com amigos se rodear, depois do meio dia sempre no sol e em abraços a esquentar.
O tipo de cara que apresenta evolução a cada dia, me perguntei sem querer em voz alta a sussurrar: e se tudo acontece-se hoje?... o silencio tomou conta no ar, por fim ele me respondeu: Nada viria a acabar. Agora vou me deitar...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sem rosto




A gente faz companhia um pro outro, passando tardes e tardes rindo com frases que temos a oportunidade de usar, as mãos a dedilhar, digita aqui, digita ali, deixa o trabalho de lado, deixa a irmã pequena pra lá, esquece o café frio, deixa a torrada queimar, mãos congeladas no caxicol a me enrolar e no lenço o nariz assoar, no outro lado em baixo das cobertas, mesmo assim, do frio a gente esquece e insiste em ficar, mesmo depois do horário do almoço acabar.
Me aquece por pensamento e faz sorrir com leitura de palavras, é esse o nosso jeito de quando longe não nos separar, nos teclados a dedilhar.
Na falta de assunto, mostramos uma nova canção, relembra uma conversa passada, sente que a dor de cabeça ainda não passou, a garganta a doer, os cabelos a enrolar, o celular tocar, o telefone atender, mas as mãos sempre ali a responder.
Quantas pessoas lhe fazem se sentir raro, especial? Imagine isso agora somente com frases escritas pela tela da internet.
A gente conhece tudo um do outro, pessoalmente não sei nada do seu rosto, pois nunca a vi, mas já sei como é o seu olhar.


E ainda dizem que a aparência importa...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Por acaso




Sabe acho que nada deve ser por acaso, Guandy disse que o que quer que você faça em sua vida vai ser insignificante, mas é muito importante que você as faça, porque ninguém mais vai fazer por você, eu tenho certeza da primeira parte.
Todas as coisas e objetos podem sim vir até você por acaso, apenas “atração”,mas, as pessoas não, com certeza não, ninguém encontra ninguém por acaso, se merece ou se atrai estar junto por algum motivo, motivo pelo qual não é preciso explicar.
Talvez se meus pais tivessem tido outro filho, ele não os ajudaria naquele momento difícil que passou, se eu não tivesse dado aquela rosa a aquela garota que significou muito para ambos, outro namorado não faria o mesmo, se eu não estivesse estendido a mão a aquele amigo naquele dia ele perderia o emprego... eu estive lá, eu precisava estar lá, do contrario talvez com outro não haveria aquele sorriso, aquele abraço...
Tantos cenários inusitados, aquela viajem onde encontrei uma amiga que hoje compartilha até seu café comigo, aquela foto que me garantiu um oi, que partiu pra uma companhia de tardes de trabalho, aquela festa junina onde com 16 anos tive a primeira namorada que eu dizia ser a mulher da minha vida, aquela noite que a conheceu que nunca vai esquecer, aquele show, aquela lanchonete, aquela pagina da internet...
Algo tão insignificante que se você voltar atrás vera que se algo for movido do lugar, tudo iria mudar...
Hoje entendo até os motivos por ter trocado os tênis coloridos pelos sapatos pretos, a blusa preta de capus pela camisa manga longa xadrez.
Todas as coisas e objetos podem sim vir até você por acaso, mas, as pessoas não, com certeza não, ninguém encontra ninguém por acaso, se merece ou se atrai estar junto por algum motivo. Não é preciso entender, é preciso fazer, o momento é ou foi seu, eu mereci estar lá, por mais que hoje eu ainda possa mudar, talvez.
Vá embora, mas, nunca diga adeus.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sentado espero ela se arrumar




Talvez eu entenda porque ela demora tanto a se arrumar. Uma das mais belas qualidades, ela nunca esta satisfeita consigo mesma, tende a sempre melhorar, e todo dia ela ainda mais bonita tenta ficar, e consegue.
Todo inicio de dia ela leva um tempo pra se arrumar, troca aqui, ajeita ali, joga lá, puxa cá... neste tempo eu aproveito pra admirar, cada expressão de seu rosto, cada gesto, cada movimento, fico ali sentado até ela acabar, acabar aquele show que sempre ela me deixa presenciar, presenciar e apreciar.
Fico bravo quando no lado de fora da porta ela quer que eu fique a lhe esperar, a tanto tempo eu repito isso, sempre acompanho aquela dança dela se arrumar, a amo, ela me deixa ver o presente sempre antes de desembrulhar, a amo, não a resisto.
Sentado, espero, admiro, ela esta linda, linda pra mim.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ela me espia




Sabe, ela tira a beleza das manhãs, talvez o sol deveria envergonhar-se de nascer por alguns dias, é isso que eu reflito sempre acordando minutos antes dela nessa rotina. Eu a beijo, a abraço, a beijo de novo, e ela reclama... mas sei que ela gosta e eu não posso evitar. Cabelos bagunçados, olhos fechados... fico observando-a fingir não saber que estou a lhe observar.
Todo dia eu a levo trabalhar, quando não perdemos um tempo a mais na cama, a gente para pra um café no caminho, as vezes eu a distraio e consigo ser cafona pra com uma rosa e um pão de queijo a presentear, mas ainda continuo não gostando do café com leite, que sempre tomo um gólinho pra poder na mesma xícara compartilhar.
Me agoniza a uma quadra sempre antes do escritório que ela vai ficar, porque é ali que eu vou a deixar, pra poder só voltar quando o relógio batucar o horário de almoço e o turno da manha acabar. Sou pontual com meu relógio de pulso, é perto do fim do mundo se um minuto eu me atrasar depois de contar todas as horas de manha pra gente almoçar.
Acordo, cochilo, bocejo, não resisto a olhar, ela me reponde com um sorriso de olhos fechados que eu sei que ficam a me espiar. Intensamente todo dia.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Não refletivel




Ela não perde seu tempo, por mais não-precioso que ele seja, na frente de um espelho. Seus motivos não são porque talvez ela não goste de sua aparência, é pra afastar os que se importam com ela. Talvez ela seja aquela guria apresentável, mas, não se importa, porque não foi o espelho que a fez ser assim, a vestiu assim, foi ela quem escolheu ser.
Ela quer saber do que ele gostou. Sem palavras se apresenta, que ele goste ou não goste, ela é assim.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lanchonete




Mil vezes quis recuperar aquela primeira tarde...
Um olhar que desde então me persegue.
Pensei na solidão que me assaltaria naquela noite quando me despedice então dela, pensei no pouco que tinha para lhe oferecer e no muito que queria receber.
Tinha 17 anos e a vida nos lábios.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não é preciso motivo e eu me privo de ter que entender




Entrei na loja de discos da esquina depois do café seguindo a rotina, comprimentei Daniel meu amigo no balcão, o simples bom dia... refletindo no canto das partilheiras o disco do Brand New com Soco Amaretto Lime incluso, eu já agradecia com os olhos. No caminho em direção a minha edição especial aguardada a meses depois da descoberta de sua existência me desviei da guria com o vinil do Nirvana em mãos... opa! me exclamei por um minuto ouvindo South- Paint The Silence no ar da velha vitrola da ainda mais velha loja, guria+nirvana+vinil... curiosidade, com o disco em mãos mudando a atenção do olhar, relatei assunto comentado a raridade que estava em suas mãos, um pouco caro talvez, edição de colecionadores, edição limitada, quando aqueles olhos se voltaram na minha direção até a vitrola silenciava, eu repondi aquilo com um ola, recebendo o mesmo em troca com um sorriso que roubava a luminosidade do sol extraindo os raios... também curte Nirvana?sem a menor atenção me perguntava, quando eu deveria se referir a ela com o mesmo... respondi apenas claro, já aproveitando a palavra pra me referir a cor de seus cabelos enquanto ela folhava os inúmeros álbuns esquecidos pelo tempo...
Eu que nem reparava se meus cadarsos estavam amarados, estendia o tempo com aqueles olhos estagnados na minha mente como se tivesse me dedicado aquela fotografia estampando-a...
Na saída comentei:
-você tem bom gosto. Sorriu me paralisando.
-respondendo: você também garoto, adoro Brand New...
-eu: adora, adora (gago piscando) Brand New?...
-ela: sim. Se retirou cantando Failure By Design...
-eu: Santo...
Daniel com uma cara de: ?...
-Quem é ela perguntei... recebendo sei lá como resposta... o silencio e a frase:
-vai atrás... Bocejando.
Como numa maratona sem pensar foi o que eu fiz...
Na manhã seguinte eu já havia de encontrar ela lá, disse que costumava voltar aos mesmos lugares sempre, é como a gravidade, coisas importantes me atraem... ela era algo importante.
Há coisas que se pode sentir o calor do vento que sopra na nossa direção... tem motivo.
Não tinha duvidas quando no terceiro encontro apesar de todas as coincidências entre nós a radio da lanchonete tocava Everything-Lifehouse, enquanto ela tentava acompanhar a musica com os lábios batucando seu “Walfer” eu me deparava diante de um romance que só via em filmes ou em livros, que mostrava quase tudo somente com a trilha musical... a luz daquele sorriso me levava, os olhos eram meu caminho, foi em sua boca que eu encontrei a paz...
Estou com quarenta e oito anos Rafael, eu a conheci ela tinha 16 e eu 17, nós estamos juntos até hoje e eu continuo amando-a perdidamente, talvez cada dia mais... por mais velho e cafona eu não me envergonho, ela é a força que me mantém andando... não é preciso lembra-la todos os dias, basta olhar em meus olhos... e como eu poderia ficar aqui com você, e não me comover...?
Acho que nada acontece por acaso, sabe? Que no fundo as coisas tem seu plano secreto, embora nós não a entendamos.
É como um filme, o roteiro é trocado diariamente, você escolhe quando parar, onde parar, com quem parar... eu parei com ela, no dia em que a vi naquela loja.
Acredite guri ainda há... acredite em últimos casos no poder da musica, ela sempre toca por algum motivo.
Bela história disse Rafael...

O negativo do filme



Era um homem muito reservado, e as vezes eu achava que o mundo e as pessoas haviam deixado de lhe interessar.
Me vejo estagnado, parado nesse tempo, as cenas continuam em execução, pelas ruas repletas de gente sem rosto, é uma cidade vazia, eu ando vazio...
A vitrola ainda toca, o violão protege-se com uma camada de poeira no canto do meu quarto, a gaita enferrujou, os livros cairam no lago, o café esta no estado vizinho...
De tanto pensar na morte, Julian achava que havia conseguido encontrar nela mais sentido que na vida.
- Quando morrer, tudo o que é meu será seu – ele costumava dizer. – Menos os sonhos.
Não tinha o direito de amar ninguém, merecia estar sozinho.
Julian nunca disse o porque.