quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sem rosto




A gente faz companhia um pro outro, passando tardes e tardes rindo com frases que temos a oportunidade de usar, as mãos a dedilhar, digita aqui, digita ali, deixa o trabalho de lado, deixa a irmã pequena pra lá, esquece o café frio, deixa a torrada queimar, mãos congeladas no caxicol a me enrolar e no lenço o nariz assoar, no outro lado em baixo das cobertas, mesmo assim, do frio a gente esquece e insiste em ficar, mesmo depois do horário do almoço acabar.
Me aquece por pensamento e faz sorrir com leitura de palavras, é esse o nosso jeito de quando longe não nos separar, nos teclados a dedilhar.
Na falta de assunto, mostramos uma nova canção, relembra uma conversa passada, sente que a dor de cabeça ainda não passou, a garganta a doer, os cabelos a enrolar, o celular tocar, o telefone atender, mas as mãos sempre ali a responder.
Quantas pessoas lhe fazem se sentir raro, especial? Imagine isso agora somente com frases escritas pela tela da internet.
A gente conhece tudo um do outro, pessoalmente não sei nada do seu rosto, pois nunca a vi, mas já sei como é o seu olhar.


E ainda dizem que a aparência importa...

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