segunda-feira, 5 de julho de 2010

Me acompanha




Pelos corredores ela andava, seus passos eu apenas escutava, na porta da sala na chamada meu nome citava, sempre discretamente me presenciava em silencio. Sem nunca possuir oportunidades nem pra comprimenta-la, num fim de semana me vi capaz de montar um filme onde em personagens só haviam eu e ela.
Entrei naquele ônibus deixando toda e qualquer lembrança da minha rotina pra trás, em dias de inverno, criei então um universo onde tudo era perfeito, feito pra nós dois, depois da solitária companhia que fizemos naquela parada da lanchonete, num cenário da neblina que nós observávamos sem a menor pretensão de acontecer um só pensamento, enquanto eu já me perdia naquele olhar, que em minutos me fez pensar a se envergonhar por estar diante de uma Mulher que diminuía e escondia minha cafonice e velhice de uma postura, me deixando igualar, por tanto que eu encontrei em comum naquelas palavras que no inicio tratavam apenas em estudar, pois, somente esse assunto podíamos falar porque nunca respiramos nem mesmo o próprio ar, por tão longe ficar, e hoje eu só pensava em agüentar aquele frio pra permanecer ali a escutar aquela garota que a partir dali passei a admirar.
Por conta do acompanhar de tantas pessoas com nós a viajar, viemos a se encontrar novamente na mesma poltrona quando próximos do destino estávamos, deixei de lado uma paisagem que pouco vi a deslumbrar para o meu lado direito sua companhia me aproveitar a cada segundo, pra na memória cada gesto eu guardar, os raios de sol nascente se limitavam a aparecer pra não interromper um sorriso que valia mais de 1000 palavras, deixando, esquecendo, o futuro fica pra depois, até o nascer do sol que ia aparecer no amanhecer do domingo que eu já sabia me separar dela, sem mesmo começar a minha companhia que durante dois dias e noites eu viria a compartilhar com ela.
Dentro de uma paisagem interminável nos estabelecemos, numa corrida todos se posicionavam pra tantas atividades do dia realizar e eu a me preocupar pra no lado dela ficar sem nem imaginar em ganhar a disputa e nem mesmo chegar ao final. Nos destacamos no meio de tanto barulho, pois, usávamos apenas o sorriso e o olhar, muitas vezes me distaciei daquele cenário pra insistir a ela observar. O meu nome ela chamava pedindo pra eu a esperar ou se apresar, com meu jeito silencioso eu me insistia a distanciar do grupo pra junto dela ficar. Alguns momentos brinquei como uma criança que eu não via a anos, outros como um fotografo profissional, um musico com uma nova letra em mente, ou ainda um escritor que apreciava o momento pra depois no papel tudo detalhadamente e enjoadamente relatar, esperando que ela sinta mais quando sua falta em algum momento sentir a lembrar.
As vezes ela me procurava e quando me achava reclamava por eu não a acompanhar, mas a verdade é que eu ficava a somente alguns passos atrás, em nenhum momento fui tão longe, estive sempre a sua vista, nas trilhas, nas fotos, no almoço, no jantar, na lama, na dissecação, no shopping, na fogueira...no nascer do sol do próximo dia que aumentava a velocidade da ampulheta que virou em contagem regressiva naquela primeira palavra que trocamos naquela lanchonete depois do café da beira da estrada, eu carregava no peito.
Posso dizer que apesar de ter sido uma viajem de estudos, aprendizagem em torno de diversão, foi nas palavras dela que eu aprendi muito mais. Mostrei pra ela um pouco de mim, o que ninguém via, digo um pouco porque me limitei muito, queria toda a minha atenção voltada a ela, sei que todos os elogios que recebi e tentei insistir em devolve-los saíram de trás dos olhos, bastava senti-los.
Quando disse diante dela que foi muito pouco tempo, quis dizer que queria que tudo aquilo fosse pra sempre, eterno, talvez ela tenha entendido, mas, principalmente queria ter me desculpado, pois, me limitei a “dançar” no ritmo de varias musicas ao seu lado, que ela apesar do reave metal insistia mesmo depois dos 30 acompanhar, e eu nos 20 e poucos cruzava meus braços, mas me alegrava de qualquer forma, afinal de contas eu estava ao seu lado.
Chega desses detalhes extremamente importantes; estávamos indo de volta pra casa, se a vida é realmente feita de momentos felizes, o meu momento eu sabia que logo ficaria pra trás quando eu larga-se suas mãos, que eu evitava em separar mesmo com o braço todo naquela posição “informigar”, ao som de Angel's Wings – Social Distortion no ar a escutar uma tradução que dizia voltarmos a nos encontrar. Eu a escutei por muito tempo e ria junto de felicidade porque eu esperava aquele sorriso depois de cada conversa de todo tipo de assunto, assunto que nos mostravam tanto em comum, tanto em comum. Dois dias se tornaram curtos em segundos quando no seu rosto eu pude um beijo deixar e um abraço fazer a estrada sublinhar um clarão no meio da escuridão que pra casa antes de todo mundo ela ia se retirar, que iria a iluminar até na porta de sua casa com segurança ela entrar, extremante emocional de sorvete na calçada do verão, apertei os punhos e os passos que apressadamente entraram de volta pra minha poltrona ficar e ela não mais na minha direção a encontrar. Conservei sentimentos no calabouço de minha alma e eles se envenenaram em solução possível.
Me perguntaram como eu sabia que a ia encontrar de novo, silenciei relembrando que a havia visto em sonhos. Vi então através de seus olhos; apenas um rapaz transparente, que pensava ter ganhado o mundo em uma hora, e ainda não sabia que podia perde-lo em um minuto.
Não quero esquecer as noites viradas falando sobre tudo até a madrugada, nos seus olhos eu vejo a verdade, faça o que você fizer, diga o que você quiser.
Depois da meia noite nós acendemos as luzes da cidade naquele banco dividindo o cobertor, por quanto tempo só nos dois... até o nascer do sol.
E essa vontade de telefonar, talvez até te encontrar.
Ela ainda estava ali, a me acompanhar.

(resumido)

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