quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma nota a cima




Ele tocava num ritmo calmo, numa melodia vagarosamente detalhada por acordes de um violão velho e uma gaita enferrujada, depois daquele fim de semana, que ainda no corpo há lama, daquela tarde dedilhando no computador, do barulho do ônibus ainda esquentando o motor, do horizonte, vales e montes, do bom dia pela manhã, daquela lanchonete, dividir o chiclete, do café; o ritmo acelerou, a melodia se caracterizou num balanço agitado suave que entrava em tom perfeito ao blues dos sopros em notas pela boca.
Não mais se ouvia cantar uma musica, ouvíamos se apresentar em melodia, que deixava dedicação a ela, o que aguçava ouvidos dos mais surdos que fossem, mais limitados ou enjoados, paravam para ouvi-lo no violão confessar o que o fazia sorrir aumentando os tons com brilho no olhar, podia ver a grama verde ainda das trilhas com ela a acompanhar.
Sem precisar prometer que do lado dela ele ia ficar, mesmo que fosse só a lembrar, era pra ela, aquelas melodias somente ele sabia tocar, um violeiro não pode parar, por ela nas musicas ele sempre estava a cantar, mesmo com a distancia os separar.
Com frases pelo monitor, com olhares distantes pelo corredor, o celular, a lembrança do toque de sua mão, as fotos salvar, na lembrança deixar, surgir novas canções; o que fazia o ritmo vagarosamente desacelerar, apesar de calmo voltar a ficar, não era mais o mesmo, pois a partir daí então, era somente pra ela que o velho violeiro permanecia insistentemente a cantar, na melodia suave tocar.
Na calma, ele guardava sentimentos que nem em mil telas de monitor se poderia mostrar.

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