segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não é preciso motivo e eu me privo de ter que entender




Entrei na loja de discos da esquina depois do café seguindo a rotina, comprimentei Daniel meu amigo no balcão, o simples bom dia... refletindo no canto das partilheiras o disco do Brand New com Soco Amaretto Lime incluso, eu já agradecia com os olhos. No caminho em direção a minha edição especial aguardada a meses depois da descoberta de sua existência me desviei da guria com o vinil do Nirvana em mãos... opa! me exclamei por um minuto ouvindo South- Paint The Silence no ar da velha vitrola da ainda mais velha loja, guria+nirvana+vinil... curiosidade, com o disco em mãos mudando a atenção do olhar, relatei assunto comentado a raridade que estava em suas mãos, um pouco caro talvez, edição de colecionadores, edição limitada, quando aqueles olhos se voltaram na minha direção até a vitrola silenciava, eu repondi aquilo com um ola, recebendo o mesmo em troca com um sorriso que roubava a luminosidade do sol extraindo os raios... também curte Nirvana?sem a menor atenção me perguntava, quando eu deveria se referir a ela com o mesmo... respondi apenas claro, já aproveitando a palavra pra me referir a cor de seus cabelos enquanto ela folhava os inúmeros álbuns esquecidos pelo tempo...
Eu que nem reparava se meus cadarsos estavam amarados, estendia o tempo com aqueles olhos estagnados na minha mente como se tivesse me dedicado aquela fotografia estampando-a...
Na saída comentei:
-você tem bom gosto. Sorriu me paralisando.
-respondendo: você também garoto, adoro Brand New...
-eu: adora, adora (gago piscando) Brand New?...
-ela: sim. Se retirou cantando Failure By Design...
-eu: Santo...
Daniel com uma cara de: ?...
-Quem é ela perguntei... recebendo sei lá como resposta... o silencio e a frase:
-vai atrás... Bocejando.
Como numa maratona sem pensar foi o que eu fiz...
Na manhã seguinte eu já havia de encontrar ela lá, disse que costumava voltar aos mesmos lugares sempre, é como a gravidade, coisas importantes me atraem... ela era algo importante.
Há coisas que se pode sentir o calor do vento que sopra na nossa direção... tem motivo.
Não tinha duvidas quando no terceiro encontro apesar de todas as coincidências entre nós a radio da lanchonete tocava Everything-Lifehouse, enquanto ela tentava acompanhar a musica com os lábios batucando seu “Walfer” eu me deparava diante de um romance que só via em filmes ou em livros, que mostrava quase tudo somente com a trilha musical... a luz daquele sorriso me levava, os olhos eram meu caminho, foi em sua boca que eu encontrei a paz...
Estou com quarenta e oito anos Rafael, eu a conheci ela tinha 16 e eu 17, nós estamos juntos até hoje e eu continuo amando-a perdidamente, talvez cada dia mais... por mais velho e cafona eu não me envergonho, ela é a força que me mantém andando... não é preciso lembra-la todos os dias, basta olhar em meus olhos... e como eu poderia ficar aqui com você, e não me comover...?
Acho que nada acontece por acaso, sabe? Que no fundo as coisas tem seu plano secreto, embora nós não a entendamos.
É como um filme, o roteiro é trocado diariamente, você escolhe quando parar, onde parar, com quem parar... eu parei com ela, no dia em que a vi naquela loja.
Acredite guri ainda há... acredite em últimos casos no poder da musica, ela sempre toca por algum motivo.
Bela história disse Rafael...

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